quarta-feira

Ontem fui procurar uma definição de amor, e não é que dou de caras com "Pode significar afeiçãocompaixãomisericórdia, ou ainda, inclinação, atracção, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc." (in: Wikipedia)?


Eu não me ria tanto se não estivesse ali a palavra "misericórdia". Se o amor inclui misericórdia, então a morte inclui felicidade. Em ambos os casos existem excepções, claro, nem eu digo o contrário - de outra forma, a eutanásia e o suicídio eram desnecessários. Se incluísse misericórdia, não existiam traições. Certo ou errado? Não existiam mentiras. Certo ou errado? O problema não é a falta de misericórdia. É a satisfação. A conquista. O desejo. A líbido. Tudo isto em excesso, misturados num cocktail explosivo que ameaça de morte (lá está ela, o oxímoro da vida) a misericórdia, se é que ainda alguém sabe o que isso é.


Bem que Platão comparava o amor a uma caçada. Não é mais que isso. Tal como uma caçada é um perigoso jogo em que existe uma presa e um predador, com consequências nefastas para a pobre da presa, o amor é uma brincadeira com o fogo, em que uns saem queimados e os outros queimam.


Só não quero que me queimes sem misericórdia, mas com paixão.

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