quinta-feira

rezo para que a loucura que te invadiu morra antes da esperança, nem que para isso eu tenha que ir ao centro da terra, arder em pecado, e voltar, para ter uma nova oportunidade de te mostrar as feridas da minha derrota. estão em carne viva, e a qualquer tempo podem insurgir-se conta tudo que vêem à sua volta. é tempo de reflectir sobre as cinzas que restam neste chão escuro, talvez não tenha sido em vão a batalha, mas foi despropositada a violência que trouxe. e batalha sem violência não seria batalha, mas os confrontos adquirem especial destaque quando a discordância é relevada imediatamente. dá-se um destaque inigualável à perda, à amálgama de pontadas dolorosas provenientes das injecções de desprezo. a pele transpira, liberta as últimas gotas que lhe restam após o calor do fogo das armas. a batalha acabou, como num jogo de xadrez, alguém fez "checkmate", ganhou, e deixou para trás um rasto cheiro a morte. avançaram, não temeram, perderam- agora querem calar-se as penitências das almas, querem travar-se os desejos dos sobreviventes. tudo pela ganância dos afortunados. ainda rezo para que acordes amanhã de manhã com os pés assentes na terra e te esqueças de me projectar para uma realidade onde não pertenço nem nunca pertenci. não me inferiorizes como se fosse uma pedra, uma simples pedra. não me deixes sozinho, porque eu também nunca te deixei. não me mates por dentro, porque nunca te matei sequer por fora.

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