terça-feira

os dias passam e eu não consigo acreditar que cheguei tão longe sem encontrar um beco sem saída. encontrei sempre uma alternativa viável, por isso nunca perdi muito tempo a tentar escapar de uma masmorra ficcional. quando olho para trás, vejo todos os dias que vivi, cada um com um momento mais ou menos especial. momentos passados, só que estes momentos construíram aquilo que sou, mudaram aquilo que eu podia ser e fizeram com que eu deixasse de fingir que tudo era perfeito na minha cabeça. os momentos abriram-me os olhos para o Mundo: fiquei a ver os podres que se escondiam por detrás dos sorrisos perfeitos, as tragédias que a alegria tentava dissipar, os segredos impacientes que à mínima inquietação se revelaram. em retrospectiva, cresci, sofri e vivi. nada mais que isso. pessoas entraram no meu caminho (umas definitivamente, outras nem por isso), e, à sua maneira, tentaram ajudar-me - não só de forma positiva, que isto aqui não é o planeta da felicidade. sempre sonhei em ter alguém que todos os dias me quisesse fazer feliz, como vejo nos filmes. sempre sonhei acordar de manhã, olhar pela minha janela e ver o mar, não uma sucata. sempre sonhei levantar-me e saber que tinha o carro dos meus sonhos estacionado na garagem. era o meu "mundo", a minha missão, o meu sonho. só que não passa disso, um sonho. ainda bem que os sonhos não se realizam sempre. porque se assim fosse, muita boa gente já teria morrido (pesadelos também são sonhos, mas maus), ou pelo menos passado um mau bocado. não quero isso. mas também, nunca quis conhecer a querida da cocaína tão de perto e ela entrou em minha casa sem ser convidada. por isso toca a todos passar esse "mau bocado". ajuda a sermos fortes. parece que posso mesmo dizer "life's not fair" ("a vida não é justa"). para mim não foi, pelo menos até agora.

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