domingo

há dias assim

há dias assim. dias em que a chuva me rouba o sol e diz olá quando eu menos preciso. dias frios que me fazem tremer de vontade de mudar de vida. gélido e impávido, se de outra forma estivesse, talvez sorrisse com mais vontade. e a vontade domina o meu ser com toda a força. é verdade que sorrio, mesmo pensando que não tenho razões. mas elas existem. são razões pessoais, personificando o termo, porque, de facto, são as pessoas que nos fazem sentir noutro mundo, noutra dimensão, noutra galáxia. e enquanto me passeio pela décima quinta galáxia de um universo qualquer que não o meu, lembro-me de momentos que passaram. aqueles momentos em que chorei mesmo sem ter que o fazer, aqueles momentos em que ri com quem menos pensava ser possível. tudo passa, mas nada volta na mesma forma. só gostava de te perguntar isto: amanhã ainda vai estar tudo igual? é que se não estiver, tenho medo de não conseguir manter-te por perto e de perder o que até agora conquistei. mas tenho medo também que tudo se mantenha sempre igual, que nada mude, e que soframos em silêncio até encontrarmos o fim da linha e se tornar demasiado tarde para pedir ajuda a nós próprios. o que é o futuro quando nem o presente sabemos viver? é tudo demasiado vago para ter a certeza; nada é mais concreto que o saber que só o fim é certo. principalmente quando o início de algo é sempre indefinido até ao ponto da chacina intempestiva que é a curiosidade. porquê desistir quando o objetivo está próximo?

porquê cair quando o que nos segura é mais forte que nós? porquê acreditar quando somos crentes em algo que não nos é benéfico? porquê correr quando não há sítio nenhum para onde fugir?

porque queremos ser nós próprios e enganar o mundo, dizendo-lhe que somos os melhores. e, no fundo, somos os melhores. os melhores a viver a vida à nossa maneira, hoje e amanhã.

é isso que sinto. sou o melhor a viver o que tenho para enfrentar, o que deixei para trás arrumado e o que tento não deixar transparecer. porque é melhor guardar e sofrer sozinho, que magoar meia multidão e causar uma sensação de impotência.

não lamento o passado. lamento é que o presente esteja cheio de facas afiadas sob a forma de mentiras e encobrimentos que a lado nenhum nos levam. e eu espero, espero, espero, desespero até.

desespero para que tu não sejas igual.

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