quarta-feira

fome

nem só de pão vive o homem. e por mais fome ele possa ter, nem só de ti viverá o que continua dentro de mim. não quero ficar preso a algo que não vou voltar a ter. nem posso continuar a dar tudo de mim e ficar vazio, com nada a que me agarre e salve a mim próprio. com sorte, talvez demore pouco a libertar-me. dizem que as surpresas são a alegria da vida quando aparecem nos piores momentos. talvez uma surpresa aconteça e me provoque mais sorrisos que palavras de insulto. talvez feche a boca e pense mais antes de dizer aquilo que nunca quis.

tudo o que nunca te disse são palavras que nunca vais ouvir, porque as vou guardar para mim. o que está dito, está feito. não há volta atrás. estou farto de correr em círculos atrás de ti. farto de me esforçar e suar a lutar por uma batalha que já tinha perdido desde o primeiro segundo, e nem o tinha descoberto. foi preciso sangrar por dentro para abrir os olhos e ver que por mais perto que estivesses, a distância entre nós era maior que nunca. e não se alterou.

eu tentei, mas viver desta forma é mais um sacrifício que não pretendo continuar. vou deixar-me por aqui, mas tu vais sair de dentro da minha cabeça.

hoje vais dormir na rua. eu cá fico comigo próprio, pelo menos não me desiludo a um ritmo constante, como tu fizeste.

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